Ontem vi este filme.
Apesar da quantidade de mamadus paneleirensis que tem, que não consigo evitar que me dêm uma voltita ao esófago, gostei muito, está muito bem feito e tem cenas a roçar o brilhante.
No início, achei que ia ser mais um filme superficial dedicado à obsessão que os Americanos têm com o Orgasmo (Why do you have sex if you can't get an orgasm?), espelho de uma sociedade viciada em Gettin' there, higher, better, faster, stronger.
Pessoalmente, discordo dessa visão, acho que o orgasmo é só uma sobremesa açucarada, boa, mas nao tanto como o prato principal.
Anyway, vou deixar mais um poema, tenho andado a ler bastante poesia ultimamente, e aqueles que mais gosto vou partilhando aqui, se não for muito incómodo.
this is how it goes:
Abelha branca zumbes, ébria de mel, na minha alma
e enrolas-te em lentas espirais de fumo.
Eu sou o desesperado, a palavra sem ecos,
aquele que perdeu tudo, e teve um dia tudo.
Última amarra, range em ti a minha ansiedade última.
Na minha terra deserta és a última rosa.
Ah silenciosa!
Fecha os teus olhos profundos. Ali esvoaça a noite.
Ah desnuda o teu corpo de estátua temerosa.
Tens uns olhos profundos onde a noite adeja.
Frescos braços de flor e regaço de rosa.
Parecem-se os teus seios com os caracóis brancos.
Veio dormir no teu ventre uma borboleta de sombra.
Ah silenciosa!
É esta a solidão de que tu estás ausente.
Chove. O vento do mar caça errantes gaivotas.
A água anda descalça pelas ruas molhadas.
Daquela árvore se queixam, como doentes, as folhas.
Abelha branca, ausente, ainda zumbes na minha alma.
Tu revives no tempo, fina e silenciosa.
Ah silenciosa !
Pablo Neruda
para acompanhar, vai a minha llorona favorita
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5 comentários:
Não é incómodo nenhum, não te acanhes! Já que parece que o meu hábito de leitura morreu e não disse onde foi enterrado, vou lendo por aqui coisas bonitas...
Olá maralha !!!
Só para dar sinal de vida...
Também já o vi, e confesso que apesar de um inicio que me deu quase a volta ao fim, passei por a fase de habituação e acabei a adorar o filme. É um filme diferente, mas bom.
Confesso que comecei a rir com a coragem da cena inicial, e a partir daí já nada me espantou no filme.
Acho que é demasiado optimista. Seria bom que a multiplicidade de formas do amor, do sexo e do desejo encontrasse sempre o complemento perfeito; seria bom que os corpos do mundo inteiro ou apenas de uma cidade como Nova Iorque ou Lisboa pudessem estar mais próximos, livres das Muralhas da China produzidas pelas mentes que os habitam, feitas de tijolos de medos e preconceitos e exigências a si e aos outros; seria bom que houvessem cabanas onde bastasse o pão e o amor.
Não acredito. Nada na minha vida me deixa acreditar. O Shortbus é uma bela fábula (tem inclusive uma moral, ómigodi!), mas nas fábulas os animais falam e tudo.
concordo contigo, e eu acho que o filme é uma metáfora a isso mesmo. E acho, como o david, que o filme melhora bastante para o fim (para mim, a partir da cena da sexologa e da dominatrix dentro do tanque A cara dela quando a Dominatrix diz I'm sorry- AHAHAHAHAHAHA.
Para mim, o pricipal problema é que SEX IS OVER RATED!!!
E digo isto na minha qualidade de semi-taradão. eheheh.
Desde sempre, e por todas as sociedades humanas, foi posto um peso absurdo sobre este acto tão singelo.
Por o sexo ser pecado é que nascem certos comportamentos desviantes (nao me estou a referir a homosexualidade, obvio)
Para mim é pena que as pessoas nao teham mais tesão umas pelas outras.
porque, para mim, sexo é pele, carne, cheiros, olhos que se invadem, labios que se consomem...
E não vou continuar senão o careca molha-se...
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