segunda-feira, 26 de maio de 2008

M&M's

A subida do preço do petróleo é proporcional ao crescimento da consciência ambiental, com os preços proibitivos do petróleo e com a cada vez mais encarecida deslocação em viatura própria, nasce num cada vez maior numero de pessoas a questão: Não há alternativas ao petróleo?.

A resposta é positiva, existe, já foi utilizada, e por razões ocultas, desapareceu.

A alternativa não passava pelo biodiesel nem pelo etanol, soluções que parecem ter cada vez menos adeptos. A solução passou pelo motor eléctrico.

Os motores eléctricos em veículos já remontam a 1832, no sec. XIX foram vários os veículos eléctricos inventados, estando American Thomas Davenport e Scotsmen Robert Davidson por detrás dos melhores exemplos. Nesta altura as baterias usadas eram descartáveis.

O primeiro motor híbrido data de 1916, inventado por woods. Foi já no Sec. XX, que o motor eléctrico era o preferido em relação aos concorrentes, gasolina e vapor. Os carros eléctricos eram mais silenciosos, não vibravam tanto e não expeliam maus cheiros além de serem mais fáceis de conduzir por não recorrerem ao uso de mudanças.

Edison e carro eléctrico 1913


Algumas razões levaram a que os carros movidos a gasolina fossem ganhando terreno:

-Um melhor sistema de estradas que possibilitava deslocações de maior distância. (o carro eléctrico tinha pouca autonomia)

- A descoberta de poços de petróleo no Texas

- A produção em massa, dos motores de combustão, inventada por Henry Ford fez com que os carros a gasolina custassem 3 vezes menos que os eléctricos.

Em 1935 o carro eléctrico estava morto.

O motor eléctrico só voltou a ser reabilitado na década de 1960-1970, para combater a poluição causada pelos motores de combustão e para parar a dependência da importação do petróleo.

Na década de 70 algumas companhias criaram veículos eléctricos com funções diversas, tais como transporte de mercadorias e passageiros assim como um utilitário citadino. Alguns destes veículos já possuiam uma autonomia de 64-70 quilómetros e conseguiam velocidades na ordem dos 70 km/h. As baterias já não eram descartáveis e demoravam em média 10 horas para carregar.




Foi contudo na década de 90 que houve um tremendo salto na produção e desenvolvimento dos veículos eléctricos, os severos regulamentos legislativos para os motores mais poluentes foram a alavanca desta evolução.

Em 1996 a General Motors lançou o modelo eléctrico com mais sucesso alcançado até hoje, este modelo chamava-se EV1. Era um desportivo de 2 lugares alimentado por uma bateria de níquel (na 2ª série), tinha 0% de emissões (nem tinha tubo de escape), uma velocidade máxima de 128 km/h e uma muito simpática autonomia de 257 Km (dados da 2ª série) fazendo dos 0 aos 100 em apenas 9 Segs. A carga da bateria poderia ser feita a 100% em 5 horas e a 75% em 10 mins. A garantia do veiculo era de 10 anos.

Foram produzidos ao todo 1.117 unidades.

Este veiculo nunca foi vendido, foi comercializado através de um contrato de leasing e a GM recolheu todos os carros após o termo desses contractos para os destruir, sem possibilitar a renovação. A GM alegou que este modelo não era sustentável economicamente, que as suas baterias e os pneus de baixa resistência, eram um problema ambiental (nem comento).

[visitar]

EV1 - parece o carecamóbile de frente

A Nissan e a Toyota também já produziram carros eléctricos, à imagem da GM, a comercialização foi através de contratos de leasing.

O Citadino Hypermini da Nissan foi apenas disponibilizado para serviços, como por exemplo os camarários em Pasadena, EUA. É de 1997 e um grande rival ao Smart. Também foram destruidos.


A Toyota produziu um todo o terreno, o RAV4 - EV de 2003, idêntico ao RAV4. Este modelo ainda é possível de encontrar. Quando a Toyota começou a sua destruição, foi pressionada pela associação "Don't Crush" durante alguns meses para não o fazer, a Toyota recuou e acabou por vender os veículos ainda existentes aos seus locatários. Ainda circulam.


O que fará com que a produção de carros eléctricos seja sempre amputada está no segredo dos fabricantes automóveis, eu tenho algumas ideias.

- Lobby do petróleo

- Lobby das industrias de fabricantes de peças, os carros electricos são de pouca manutenção. Não existem óleos, nem filtros e o desgaste das peças é bem menor.

- Lobby Nivea. Na ausência de substâncias viscosas ou poluentes os mecânicos não conseguem sujar as mãos.

Deve ser por isso que a Toyota "substituiu" o RAV4-EV pelo híbrido Prius, o melhor de dois mundos.

Poderá pensar-se que o carregamento das baterias seria um enorme problema, já que a maior parte da electricidade produzida vem do carvão e do petróleo. Numa busca rápida pelo youtube poderão constatar que alguns RAV4 - EV, são recarregados por energia solar.

Se substituir-mos os investimentos feitos nas bombas de gasolina, no transporte e logística do petróleo, haverá com certeza dinheiro para construir centros de carregamento solar (existem alguns na Califórnia e são à borla). Invés de estarmos a pagar parquímetro pelo estacionamento, pagaríamos o mesmo pelo estacionamento e abastecimento.

Notícias de hoje.

Para finalizar que isto já está muito extenso, espero ansiosamente pelo Smart electrico que já foi prometido para o ano passado.

Existe um filme que ainda não vi, nem estreou por cá e que fala deste assunto, espero que não seja uma fraude. O nome é "Who Killed Electric Car?"

"Timebomb - Beck"


Ainda agora saiu o single e já corre por aí o boato que quando ouvido de trás para a frente tem mensagens subliminares sobre marcianos.

15 comentários:

JCarreira disse...

Muito bom. Só faltou mesmo falar tb k até mesmo os carros elétricos são poluentes... mas não seja na produção das referidas baterias, feitas de material de muito dificil reciclagem.
Do meu ponto de vista claramente o "pitról" n é solução, mas n me parece k a electricidade seja a alternativa. Aposto mais no hidrogénio k tem vantagens em relação à electricidade, e assim de repente, pela maior autonomia e mesmo na resposta do veículo (esta k afinal de contas é o k interessa mais, a par do preço dos combustíveis, aos proprietários).

Anónimo disse...

Tens razão na questão do fabrico das baterias, mas penso que mesmo assim compensa bastante em relação aos combustíveis fosseis. O hidrogénio ainda é uma tecnologia com muitos passos para dar, neste momento um veiculo de hidrogénio precisa de 4 vezes mais energia para se deslocar que um eléctrico. As células de hidrogénio utilizam a platina como catalizador, existe no mundo inteiro platina para menos de 10% dos automóveis já existentes.

Anónimo disse...

Penso que uns cientistas franceses já inventaram um substituto à platina, mas ainda estavam com problemas para conseguir efeitos parecidos, pode ser que com o tempo lá cheguem.

Scissorhands disse...

Estamos mal habituados e vai ser preciso tomar umas decisões difíceis. O petróleo tem três vantagens enormes a seu favor: a densidade energética (J/Kg), a facilidade com que a energia é libertada (não confundir com rendimento), e a facilidade de distribuição.

As baterias de um carro eléctrico, por exemplo, pesam imenso para a energia que conseguem armazenar, o que se torna peso morto para o automóvel.

O rendimento de um motor de combustão interna+transmissão é muito inferior ao de qualquer motor eléctrico, seja a bateria ou alimentado a pilha de hidrogénio (Fuel Cell) - mas o processo em si é tão simples (combustão) e a diferença de densidade energética tão grande que compensa largamente.

Quanto a facilidade de distribuição, o petróleo é líquido à temperatura ambiente, por isso pode ser economicamente transportado em cisternas ou pipelines, e armazenado sem grandes perdas em depósitos de qualquer dimensão.
As baterias demoram imenso a carregar e até que haja um standard de baterias (como há vários para as pilhas) que permita que se chegue a uma estação de serviço, se tire a bateria gasta e se ponha uma outra igual pré-carregada (pagando a energia na bateria nova + uma percentagem para o desgaste da bateria) e que isso seja feito em 5 minutos através de alçapões standard por baixo do carro, ninguém pode usar um carro puramente eléctrico para fazer uma viagem de turismo, e estes serão exclusivamente citadinos.
O Hidrogénio necessita de ser arrefecido e armazenado poucos graus acima do Zero Absoluto (-270 e picos graus Celsius!), o que é um gasto de energia enorme, e é uma molécula tão pequena que se escapa por entre as moléculas de metal da parede das cisternas de armazenamento, e se uma cisterna perde metade do hidrogénio que tem dentro em menos de quinze dias, estamos conversados quanto à distribuição de hidrogénio.

O EV1 e outros eram vendidos em leasing porque no tempo do petróleo barato eles eram supostamente tão caros que ninguém os ia comprar para ficar com eles. Além disso, a ideia da GM era criar um novo modelo de negócio em que se pagava uma "renda" mas com esses proveitos eles iam desenvolvendo baterias novas, o EV2, etc, os melhoramentos iam sendo colocados nos EV1 já existentes e os clientes trocavam de carro quando desse jeito à GM, porque o EV1 foi sempre pensado como uma versão 1.0, que tinha bugs e que devia melhorar gradualmente.

Anónimo disse...

Desculpa a minha ingenuidade, mas há tanto tempo que existem alternativas ao petróleo e ainda não conseguiram torná-las competitivas? Desde 1900? Parece difícil... Mesmo só para pequenos percursos só em cidade já seria uma ajuda preciosa na redução dos níveis de poluição nos centros urbanos e periferia!

Anónimo disse...

3.000.000 número de marcianos visionados neste vídeo de trás para a frente!
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JCarreira disse...

Resumindo e concluindo: para já não há alternativa de jeito ao petróleo. Quer isto dizer que para mim (e para já) é mais que suficiente ter um veículo k respeite os níveis máximos permitidos pela UE para as emissões de gases poluentes e k me posso oferecer aquilo k mais gosto neles: potência! Claro k se poder ser o menos poluente possível, melhor.

Anónimo disse...

Como disse o Scissorhands, há alternativas, elas terão que ter um reflexo profundo nos nossos hábitos e conceitos em relação aos veículos que usamos.
Hábitos esses, que não forem alterados rapidamente e de consciência própria, terão de o ser a curto prazo, obrigatoriamente.
Eu prefiro pensá-los como uma mudança de atitude e não como uma imposição com dimensões desconhecidas.

carla disse...

Já que estamos a falar de electricidade, eu apostava mais numa rede mais abrangente de electricos pelo menos em Lisboa. Nos carros está sempre presente o chular o comprador, a ver pelo preço dos hibridos que estão á venda no mercado, que só vêm ajudar á ideia de que até para se ser ecológico tem que se ter algum dinheiro... Assim, com um projecto decente, com apoios comunitários era possível construir uma rede maior que beneficiaria não só o ambiente como quem se quer deslocar nesta cidade tão pequena que de carro parece tão grande!!!

Zipper disse...

Os automóveis eléctricos não são uma solução para uma utilização mais convencional, devidos aos problemas de autonomia e tempo de carregamento das baterias, mas podem ser uma solução para utilizações especificas, como por exemplo, transportes públicos no interior das cidades.

Neste momento os automóveis híbridos ainda são a melhor solução, especialmente os híbridos a gasóleo que devem começar a aparecer já para o ano. São mais caros porque ao custo de um motor convencional ainda se tem que adicionar o custo do motor eléctrico e das baterias, apesar de em Portugal beneficiarem uma grande redução no imposto automóvel.

No interior das cidades eu sou mais radical, eu cortava pura e simplesmente o transito a veículos particulares na maior parte das zonas.

JCarreira disse...

Se o objectivo é a ecologia não estou a ver porque é que o hibridos diesel são melhores que hibridos a gasolina já que mesmo gastando menos gasóleo este é bem mais poluente que a gasolina. Também face aos 4.5l/100 do Prius (e esquecendo que este "carro" é simplesmente um trambolho!) só se o diesel gastasse 2l. :P

Zipper disse...

João, por exemplo, este Golf diesel híbrido gasta 3.4l/100 e emite 89g/km de CO2 contra 104g/km do Prius.

http://blog.wired.com/cars/2008/03/revealed-volksw.html

JCarreira disse...

não é k esteja a favor do prius (pessoalmente nem dado) mas esses valores são dos modelos actuais. O novo modelo k sairá se setembro emitirá apenas 60g/km.
http://www.autoexpress.co.uk/carreviews/firstdrives/67277/toyota_prius.html

Anónimo disse...

Grande discussão que para aqui vai, acho positivo.

Queria só deixar duas opiniões:

-concordo com o Rui e com a Carla quando dizem que nas cidades o que deveria existir era uma rede de transportes apelativa, eficaz e o mais limpa possível.

-Na minha opinião o carro exclusivamente eléctrico, apesar dos seus pontos fracos (autonomia e carregamento das baterias) era uma boa (para mim a melhor das tecnologias já experimentadas) alternativa. É limpo, silencioso e pode ter uma autonomia de 257km, o que me parece mais que razoável para o dia-a-dia. diariamente pouca gente faz mais de 60 a 100km.

Anónimo disse...

Concordo com os transportes públicos, mas com uma rede e horário mais abrangente. Mas não era nada má ideia utilizar 1 carro eléctrico para as deslocações curtas, a maior parte das família tem + de 1 carro, podíamos adoptar a lei chinesa do filho único para o carro único poluente!