terça-feira, 13 de maio de 2008

Já cá faltava um poemazinho!

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O, Neill

1 comentário:

Lady*Godiva disse...

Ando a ler "Uma coisa em forma de Assim" e, como só conhecia os poemas, fiquei toda contente por constatar que o sr. O'Neill em prosa consegue requintes de ironia tão bons como nos seus poemas. E é impressionante como a maioria das criticas sociais que ele faz nos anos 70 e 80 continuam a assentar nos nossos dias que nem uma luva.