A Teoria do Caos ficou orfã

Morreu ontem aos aos 90 anos Edward Lorenz pai da Teoria do Caos.
Esta teoria defende que um pequeno acontecimento ocorridos num ponto do Universo pode ter consequências imprevisíveis num local distante. O famoso efeito borboleta.

Originalmente aplicada a fenómenos atmosféricos (o senhor era meteorologista) esta ideia tem sido aplicada a vários campos da física tendo aberto caminho à física quântica e aos estudos sobre a relatividade. Apesar de tudo Einstein foi um feroz opositor desta ideia levando-o a proferir a famosa frase: "Deus não joga aos dados".

Esta teoria, por vezes, é apresentada em oposição à visão determinista do Universo ditada pela mecânica clássica de Newton. Na minha opinião, uma coisa não invalida a outra.
Todos os fenómenos podem estar interligados por uma cadeia de acontecimentos e todos os acontecimentos futuros já estão hoje determinados, no entanto, não é possível prevê-los com exactidão.

Para prever algo, seria necessário ter em consideração o valor de todas as variáveis, é então que surgem alguns problemas:

- O número de variáveis a ter em consideração é infinito. Ao medir a temperatura da Terra, por exemplo, quantos locais deverão ser tidos em consideração, sabendo que no espaço físico, entre dois quaisquer pontos, por mais próximos que estejam, existe um número infinito de posições de outros possíveis pontos.

- Num espaço contínuo e não discreto, não é possível medir nada com completa exactidão, existe sempre uma margem de erro. Por exemplo, ao medir o comprimento de um objecto, é sempre possível obter uma medição mais exacta, basta para isso aumentar o número de casas decimais do resultado.

- Segundo o princípio da incerteza de Heisenberg, a nível das partículas sub-atómicas, não é possível determinar simultaneamente a posição e a velocidade de um objecto. O facto de se observar tem influência no objecto observado, alterando o seu estado.

Mesmo que se conhecessem todas a leis que regem o Universo, não seria possível determinar o seu futuro com exactidão, será sempre por aproximação.

O Universo é determinista, mas não é determinável.