E recordar em 3d é viver

Nunca mais vou ver um concerto ao vivo.
A partir de agora quero tudo em 3D. Gelados de morango em 3d, cervejinha fresquinha em 3d, sexo em 3d, praia mar e sol, tudo em 3d. Ahhh... Que boa vai ser a vida. E agradeço o meu bom senso por nunca mais ter ido ver um concerto de estádio desde o Zoo TV e por me ter ficado pelo "Achtung Baby" dos velhinhos U2. Hoje compensou vê-los de novo, digitalmente recauchutados, com um som do caraças e em... 3D! As razões são inumeráveis por isso não as vou numerar mas colocar uma *:
*os óculos são bonitos - estilo rayban, não dão dores de cabeça, ao contrário do que se ouve dizer praí e podes trazê-los para casa,
*o som é 400 mil vezes melhor do que ao vivo - conseguem aproveitar os melhores solos do The Edge e quase todas as partes em que o Bono não desafina,
*o meu baterista fetiche dos 15 anos parece agora o zé pedro dos xutos,
*vê-se na perfeição a perícia do dentista do Bono que apresenta uns belos pivots, bem colocados,
*consegues sentir os salpicos do suor do The Edge, um sonho realizado para qualquer teenager da nossa geração,
*a cor do baixo do Adam Clayton é de um verde tão fenomenal que só alguém com o mesmo dom que eu na colorimetria digital o iria desencantar,
*80% das músicas foram sacá-las ao baú por isso dá prá malta trautear as letras,
*o cinema estava vazio, não tens empurrões, gritos nos ouvidos, cuspo nos cabelos e consegues ver, ver tudo, mesmo o que não estava lá.