sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

Quem sou eu?

PAPA_LONTRA propõe um sumarento pensamento que aborda a dicotomia REAL-VIRTUAL e muito mais:
Quem vai a jogo?
Vá lá porquinhos...



Há um problema carnal na questão da verdade.
Há, inversa e intensamente, um valor de verdade na prática carnal.

Onde é que começamos? Onde é que acabamos?

Do confronto com o limite do corpo ao efeito de verosimilhança que a prática libidinal introduz é possível observar uma continuidade do corpo.

A continuidade é, para todos os efeitos, a razão da nossa existência!

Não querendo aflorar temas como a reencarnação ou outros esoterismos que tais, pretendo apenas deixar claro algo que me invade, que nos invade e para a qual não procuramos explicação.
A saudade. A transcendência sensorial.
O que é a saudade?
Uma reacção química do nosso cérebro - poderá ser.
Mas de onde deriva?

A continuidade do corpo, depois deste desaparecer.
A saudade é também uma ressaca!

É essa "continuidade" do corpo, da matéria, que julgo ser a nossa forma de transcendência.

O «saber» do corpo, particularmente aquilo que este sabe sobre os seus limites, a sua fronteira e o trespasse deste numa relação sexual, por exemplo, perturba a voz da racionalidade em que somos educados. Mas existimos muito para além do nosso corpo.
Existimos muito para além do que vêmos, do que fazemos outros sentir.

Mário de Sá Carneiro dizia:
"Não sou do tamanho que sou, sou tamanho daquilo que vejo!"

Mas, sendo embora signo de perturbação, o corpo é também afectado pela vontade de «saber», logo, também aspira à sua própria transcendentarização. (chiça! que é difícil a palavra...).

Estamos portanto, perante uma dupla tentação.

Há que compreender que esta tensão é só por si demonstrável num espaço metafísico - muito mais intenso que aquele que o próprio corpo no foro sexual poderá alguma vez proporcionar.

Outra questão:
O virtual, o ciber-espaço concrectamente, oferece hoje as condições necessárias para a alimentação do sadismo.
Cada indivíduo, neste novo conceito de espaço (o ciber-espaço) busca o avesso do seu corpo, uma para-existência. Da mesma forma que o virtual visa reconhecer o avesso do real, ou, pelo menos, o avesso das percepções reais.

Esta recente dicotomia, e sua ilusão amplificadora do ser, encaminha-nos para uma existência redutora.
Como um simples parêntesis pode (des)fazer uma eterna questão.
Uma (des)ilusão.

O virtualismo distorce as sensações.




PS-Vá! Digam lá ...."Este gajo passou-se!"

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